sábado, 14 de fevereiro de 2015

Quando o fim vier

Quando o fim vier
virá como uma brisa
tocará-me levemente
no braço esquerdo
onde apoio todo um caos
humanamente belo

Metafísico olhar azul
irá adormecer
como um pedaço de
mar que partira
e meus cabelos azeitona
ali ficam
cada vez mais nevosos
e antigos

Quando o fim vier
um deus pequeno virá
dizer-me para sossegar
irá sonhar no meu cansaço
todo eu serei cansaço
e suor na sua chegada

e por fim,
a paz silenciosa e triste
de um sorriso que acaba
fechado nos braços
graves
de algo que partira

Quando partir,
ninguém saberá que parti
ninguém irá se lembrar
e chorar no meu peito
tudo por culpa minha,
por ser da raça das estrelas
e das nuvens
porque depois de me apagar
no vácuo
ainda viverá a minha voz

Nada se perdera afinal
um rosto se apagara
mas afinal
as suas palavras ainda existem
sempre longe de mim

Distantes da boca que as dissera
mas ainda assim voam
num lugar incerto
Num lugar verdadeiro
e vazio
como uma sombra,
dentro de todas as coisas

Sei que estou perdido
neste meu não ser
sou um fantasma
solitário
da inexistência
fechado no murmúrio
sepulcral das árvores
no luzir frémito e lúgubre
de um mar que morrera
apenas e tão somente
um átomo do vazio

Nunca mais verei
aquele sorriso branco
lá no alto
sempre luzindo
cheio de beleza e esperança
das minhas irmãs...

PoReScRiTo


Sem comentários:

Enviar um comentário