sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O sítio donde venho


Venho lá do alto
De onde os olhos
Não chegam
Venho devagar
Em passos que se afundam
No silêncio da terra

Os meus passos falam por mim
Como se revelassem cada sombra
Que eu perdera no caminho
Perdi muitas sombras
E muitos olhares
Que ficaram sozinhos de si mesmos

Não sei para onde vou
Apenas donde venho,
de longe
onde as memórias não existem
e o espaço é uma vaga memória
do tempo


Eu vim de longe
Além do fumo exonerável
E do nevoeiro fugidio
Que se escapou
Das ondas pela madrugada
Com o seu sorriso ladino
Levemente aberto para o fundo
De um cosmos perdido

Sou aquele que não é
Aquele que apenas sente
Aquilo que não vivo
cada átomo da sombra
que me persegue

Chego por fim
A este lugar nenhum onde me encontro
Ele fala-me numa voz
Sibilada
Como no sítio donde venho
Um sítio exterior impregnado
De coisas vazias
Um sítio confuso que se confunde nas minhas
Palavras
E depois por breves momentos
Não sei onde estou…
Como em tantos outros sítios

acontecera

PoReScRiTo

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