sábado, 29 de novembro de 2014

Insónia do real


Uma linha opaca
Desenhada em estranhas figuras
Estranhas vagas coloridas
Escondidas pela pura inexistência
 
Uma consciência
Sonhava a primavera escura do espaço
Deitada na realidade,
No prado cinzento
Que sozinho chora à lua
Nesta personificação minguante do ser…
 
Os pinheiros arranhavam o vazio
Com as suas agulhas
Perfumadas pelo silêncio…
 
E o céu,
Hoje não veio para mim
Não existe a alma ínfima
De um deus
Que o possa inventar
 
Ficaste fechado no ar saturado
Da manhã,
Dormes dentro das coisas
Fechado dentro dos seus olhos,
Nas árvores sombrias carregadas
Pelo sonho
De um céu que hoje
Morreu dentro de mim…
 
Um ser
Que pinta o prado de cinza
(cor da melancolia)
E depois salpica
Pelo azul vivo
Dos olhos de um deus qualquer…
 
Que sonha sozinho
Embriagado no fumo
Deste êxtase de insónia
Que a realidade tece
Com os seus finos dedos de nada
 
Sonho nesta manhã que esquece
No orvalho fino que adormece
Nesta realidade que tarda em vir…
 
Almas baloiçam de olhar triste,
De sorriso presos pelo pensar da morte,
De uma infância que adormece
Num choro vazio,
De uma noite de realidade
 
As árvores desenham-se
Nesta leve sapiência da brisa
Que levemente toca o infinito…
 
PoReScRiTo

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