sábado, 22 de setembro de 2012

cela







ao canto da cela escura e solitária me encontro
oiço o metal da pequena janela da grande porta deslizar
"segue-me!"

a porta abre-se, e atravesso um e depois outro corredor
bastante iluminado, demais até, começo a sentir náuseas

por fim chego a sala, brutalmente iluminada e brutalmente ruidosa
visitantes atiram berros
reclusos atiram berros de volta
no intuito de se fazerem perceber, para além das filas
três filas de grades que os separam
minha irmã, visitante no meio de visitantes
minha única família, desde que fui colocado aqui no hotel
intensificam-se as náuseas, a ponto de insuportáveis
viro costas, o guarda balbucia algo que não entendo
faço-lhe apenas um gesto com a mão e saio da sala

prefiro ficar na minha cela
é escura e silenciosa
isso reconforta-me

;
o imberbere

Sem comentários:

Enviar um comentário